terça-feira, 24 de abril de 2012

Cogumelos com alho poró


Algumas vezes, apenas um método de cocção não é suficiente para trazer o melhor de cada componente de um prato.
Neste caso, os cogumelos devem ser cozinhados em alta temperatura para caramelizar por fora e manter uma textura firme por dentro. Enquanto que o alho poró tem que ser refogado em fogo médio para amolecer sem tostar. Solução: preparar os dois separados e juntar no final.

Servi por cima de uma polenta mole, com um fio de azeite de oliva e sal trufado.

Ingredientes
- +/- 300g de cogumelos cortados em pedaços do mesmo tamanho (prefiro eyringui ou maytake, mas Paris ou shiitake também servem).
- 1 alho poró grande cortado em lascas finas
- 2 dentes de alho fatiados bem fino
- 1 ramo de tomilho
- Pimenta cayenna
- 2 xícaras de café de caldo de legumes (ou água)
- 1 xícara de café de licor Frangelico
- Azeite de oliva
- Sal

Preparo
1. Esquentar bem uma frigideira. Despejar um fio de aziete.
2. Colocar os pedaços de cogumelo e saltear até ficarem dourados por fora, mas ainda bem firmes por dentro. Temperar com sal e uma pitada de pimenta cayenna.
3. Adicionar o licor e flambar até o licor reduzir e formar uma calda. Reservar.
4. Dexar a frigideira perder um pouco do calor, acrescentar mais um fio de azeite e refogar o alho.
5. Quando o alho começara dourar, acrescentar o alho poró e mexer por uns 3 a 5 minutos. 
6. Acrescentar o caldo, o tomilho e deixar tampado até o alho poró amolecer mas mantendo ainda uma certa crocância.
7. Acrescentar os cogumelos (com o caldo que tiver escorrido) e misturar apenas pra esquentar de novo.
8. Acertar o sal e servir.






Polenta


Fazer polenta não é difícil nem trabalhoso, basta ter a "manha". A proporção é de aproximadamente 1 parte de polenta em pó para 8 partes de líquido. Coloque tudo na panela com o líquido frio e misture. Leve ao fogo tampado e mexa de vez em quando para não grudar no fundo até ficar pronto. É só. Leva aproximadamente meia hora do início ao fim.

O mais importante é ter ingredientes de qualidade: nada de polenta semi pronta, polentina ou aquelas coisas  ensacadas que parecem um tijolo. É o líquido que vai dar a maior parte do gosto da polenta, portanto, se ele não for bom, não "tem jeito que dê jeito", como diria o cantor Falcão. Leite, um bom caldo de legumes ou frango, a água que sobra da reidratação de cogumelos secos, quase qualquer coisa vale, contanto que seja gostoso. 
No final, para deixar mais especial, você pode finalizar como se fosse um risotto: naco de manteiga, queijo ralado na hora  e mexer até emulsionar. 

Um das coisas boas é que a polenta pode ser resfriada ou congelada para comer em um outro momento - frita, grelhada ou mole novamente. À propósito, geralmente faço cremosa, de consistência parecida com iogurte: nem grosso como purê, nem líquido como sopa.


Cenouras com laranja

A cenoura é um legume que preserva mais o seu sabor quando é cozido em pouca água com uma pequena quantidade de gordura, geramente manteiga. Se a idéia for ser mais saudável, azeite também funciona. Para acrescentar uma outra dimensão de sabor, pode substituir a água por suco de laranja, o que confere acidez para contrabalancear a doçura da cenoura, além de cobrir os pedaços com uma calda brilhante. Se quiser, dá pra colocar também alguma erva (lícita) como tomilho ou sálvia, que fica bem interessanhte.

Ingredientes
- Cenoura descascadas (em pedaços aproximadamente do mesmo tamanho)
- Suco de laranja (de preferência fresco) suficiente para quase cobrir a cenoura
- Um pedaço de manteiga (menor que uma porção francesa e maior que uma italiana) ou um fio grosso de azeite.
- Sal a gosto

Preparo
1. Colocar tudo junto em uma panela.
2. Levantar fervura, depois baixar o fogo e deixar reduzir com a panela tampada.
3. Quando o suco estiver grosso, as cenouras estarão prontas.


sábado, 14 de abril de 2012

Chocolates Dagoba

"Você pode privar o corpo, mas a alma precisa de chocolate". Esse é o lema da Dagoba, produtora americana de chocolates orgânicos criada em 2001. Favorece o cultivo sustentável e dá dicas de economia de energia na embalagem - bem legal.

Devorei hoje o Chai. Como imaginado, contém essência de chai, gengibre cistalizado, leite e 37% de cacau. Quando quebrado, estala menos do que um meio amargo mas, muito mais do que eu esperava para este percentual de cacau. Da mesma maneira que em um espaguete bolonhesa o principal elemento é a massa, mas quem aparece mesmo é o molho, nesta barra o cacau apenas dá suporte aos demais ingredientes. O sabor do chai é marcante com uma boa persistência, sem ser agressivo ou muito amargo - por isso o alto percentual de leite. O gengibre cristalizado é crocante e confere um retrogosto que não deixa o chocolate enjoativo.

Gostei bastante, mas não é uma barra para os ortodoxos.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Chocolates Amedei

Existe chocolate e existe CHOCOLATE. A Casa Amedei merece todas as letras maiúsculas - chocolate gourmet da região da Toscana, mais precisamente, de Pisa. Isso mesmo, lá tem outra coisa muito mais interessante que a torre. Já foi escolhido o melhor do mundo em uma ocasião e é realmente delicioso. Está disponível em diversos "sabores" e tive a sorte de poder comprar algumas barras.

# Toscano Black 70%
Blend de 2 tipos diferentes de cacau, barra negra reluzente, que estala ao quebrar e morder os pedaços. Derrete devagar na boca, espesso, cremoso e amargo na medida. Discreta acidez (menos pronunciada que nos Varlhonas) que estimula a salivação e ajuda a limpar a boca. Deixa um leve retrogosto de tostado e barrica de vinho tinto. Acaba de se tornar o meu chocolate industrializado preferido.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Perfurador de carnes

Por mais que seja divertido amaciar carnes batendo com um martelo, com o bônus de aliviar o stress do cozinheiro, isso deixa o corte mais fino - assim que o paillard é feito.
Existe um apetrecho de cozinha chamado jaccard que cria um zilhão de microperfurações na carne. Suas lâminas rompem as fibras de colágeno, deixando a carne mais macia.
Outro benefício é que os orifício permitem que os temperos penetrem mais profundamente, deixando-a mais saborosa.

domingo, 8 de abril de 2012

Salmão com pele crocante

Cozinhar peixes não é a coisa mais fácil do mundo mas, fazer uma posta com a pele crocante e o meio suculento é fácil. Salmão é um peixe excelente para este tipo de preparo já que, por ser gorduroso, é mais condescendente com o cozinheiro.
O primeiro passo é fazer pequenas incisões na pele (sem atravessar por completo). Quanto mais incisões, mais crocante fica. Colocamos os temperos dentro destes sulcos - tomilho, sal, pimenta, curry, missô ou qualquer outra coisa.
Não é obrigatório, mas uma frigideira antiaderente facilita muito as coisas. Ela deve estar bem quente com um fio de óleo de canola (prefiro ao azeite de oliva por ter um sabor mais neutro e um ponto de fumaça mais alto). Coloca-se a posta na frigideira com a pele para baixo e, para evitar que o peixe se curve e não fique completamente em contato com a frigideira, precisa fazer uma pressão por cima dele .
Aí é só deixar parado até ficar 70% pronto - o salmão é tão legal, que nos mostra o quanto está cozido: basta olhar para a lateral e ver o quanto está rosa clarinho. Aí é só virar, e deixar mais uns 2 minutos e está pronto.
Para tornar o prato mais especial, ao virar a posta, acrescente uma colher de manteiga, um ramo de tomilho e um alho esmagado. Incline a frigideira e regue a posta com a manteiga derretida usando uma colher.
Se você começar com o fogo alto, a pele ficará dourada. Se o fogo estiver médio alto, ele levará mais tempo para cozinhar por dentro, expondo a pele ao calor por maior tempo, dando uma coloração preta,  o que os americanos chamam de "blackened"(enegrecido) - como está na foto. Dá um gosto mais forte e fica super crocante - vale experimentar um dia.




Cebolas confitadas

Estas cebolas confitadas podem ser usadas como acompanhamento em inúmeros pratos: carnes, peixes, frango ou até mesmo direto em uma fatia de pão tostado. 
Pode parecer estranho colocar anis estrelado, mas ele acentua o sabor das carnes e dá às cebolas um gosto "carnudo". Experimente colocar em ensopados como osso buco, carne de panela ou pratos com porco.
É importante começar com a panela fria e ir aquecendo devagar e manter em fogo baixo até ficar pronto.

Ingredientes:
2 cebolas grandes (eu prefiro roxas)
1 anis estrelado
Azeite de oliva (deve cobrir bem o fundo da panela)
Pitada de sal

Preparo
1. Fatiar as cebolas bem fininho
2. Colocar tudo em uma panela grossa fria.
3. Levar ao fogo baixo durante 45-60 minutos tampado, mexendo de vez em quando.
4. Estarão prontas quando a cor ficar bem escura.



La Frontera

Se você não se importa de ir em um restaurante de carnes na frente de um cemitério, o La Frontera é uma excelente pedida. Comida argentina - a parrilla como só eles sabem fazer - atendimento cortês, decoração simples de bom gosto e jarra de água de cortesia. Tudo para funcionar e funciona.
Cardápio com bastante opções para contentar todos os gostos. Tem um menu executivo (entrada, prato principal e sobremesa) e pratos do dia no almoço além do cardápio normal.

Já comi o menu algumas vezes. Sempre a salada de grão de bico com queijo de cabra e tomates - delicada, casando bem o doce e o salgado com o crocante de um pão chato. Sempre o bife de chorizo, no ponto perfeito - tostado por fora e mal passado por dentro - acompanhado de um purê de batatas com azeite e chimichurri. O flan da sobremesa é bem ruim - pedi uma vez e desde então só peço a fruta do dia.

Desta vez resolvi variar: pedi uma prime rib de porco. Enorme, tostada por fora, macia e suculenta por dentro como toda carne de porco deveria ser. Vem acompanhada de um delicioso feijão preto (que definitivamente não deve ter sido preparado por um argentino), uma farofa de banana (mais uma vez, preparada melhor do que muito restaurante brasileiro), arroz e couve crocante. Deliciosa! O melhor corte de porco que comi em muito tempo.

Vale muito a pena e me entusiasmou a variar mais nos pedidos.


Aerador de vinho Rabbit

Decantar vinhos tem basicamente duas utilidades: abrir os aromas e separar a borra. Por mais que seja charmoso e bacana, nem sempre você quer usar (ou lavar) um decanter. Para nós preguiçosos, a indústria inventa uma série de "decanters instantâneos" - testei vários e o que mais gostei foi o Rabbit.
Aera o vinho, filtra os resíduos e corta gotas. Leve, fácil de lavar, ocupa pouco espaço na gaveta e realmente funciona. Dificilmente sirvo um tinto sem ele - a não ser que o dia peça o ritual de um decanter, cujo charme é insubstituível.


Sanduíche de mortadela

O Mercado Municipal de São Paulo é muito legal, muito bacana - tem coisas que você só acha lá e etc. Mas, no final das contas, a gente vai mesmo pelo sanduíche de mortadela.
Tem quem torça o nariz para a quantidade insana de mortadela que conseguem colocar dentro do pão sem usar nenhum palito, mas que é gostoso, isso é.
Quase todos os bares reivindicam para si a invenção do sanduíche mas, para mim, o melhor é o do Hocca.
Mortadela Ceratti, cortada em fatias bem finas e empilhadas dentro de duas metades de pão tão altas quanto o antigo World Trade Center. Pode ser o tradicional (só mortadela) quente ou frio, acompanhado de queijo ou outras versões que variam de acordo com o local.
Comi um de mortadela com queijo, bacon, tomate fresco e alface (para não ensopar o pão - porque ninguém faz questão de verdade). Altura que desafia a abertura da boca, suculento, salgado na medida certa e cortado pela leve doçura do tomate.
Custa R$15 fora o Digeplus da sobremesa.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Bolo de laranja com mel de lavanda


Bolo de laranja com sorvete de mangostão


Receitas - Presunto de javali

É possível fazer uma série de coisas com o mesmo ingrediente. O presunto de javali pode ser substituído por presunto cru ou Parma e até mesmo salame ou copa.

#Salada de frutas com presunto:

Ingredientes:
Melancia e melão em cubos grandes.
Xarope de açúcar simples com suco de limão (açúcar e água em partes iguais).
Presunto de javali
Azeite, sal e pimenta.

Preparo:
1. Pincelar os cubos com o xarope e tostar em uma grelha pré-aquecida.
2. Servir em um prato com o presunto e os temperos.


#Risotto de tomate e presunto:

Ingredientes:
Cebola roxa picada
Vinho branco
Caldo de legumes ou frango
Arroz para risotto (prefiro Carnaroli ou Vialoni Nano)
Tomate seco (em casa de preferência)
Parmesão ralado
Manteiga
Manjericão
Presunto de javali

Preparo:
1. Refogar a cebola no azeite. Depois acrescentar o arroz.
2. Refogar até a parte externa ficar translúcida. Acrescentar o vinho branco e mexer até secar.
3. Acrescentar o caldo aos poucos até ficar 90% pronto.
4. Acrescentar os tomates, parmesão e manteiga.
5. Mexer até emulsionar a manteiga e ficar cremoso.
6. Acrescentar o manjericão e deixar tampado por 3 minutos.
7. Servir no prato e colocar o presunto por cima.







Presunto de javali

Feito no estilo do presunto de Parma, curado com vários temperos, tem sabor mais forte e menos salgado.


Alma Maria

O Alma Maria fica na Rua Oscar Freire próximo a Padre João Manuel. É um restaurante de inspiração espanhola, decorado no estilo “mercearia-chique” com staff impecável.
O cardápio salgado é veladamente dividido em dois: pratinhos (entradas, sopas, tapas e saladas) e pratos principais.
De entrada/tapas comi um croquete de presunto ibérico crocante por fora e cremoso na medida por dentro. Dá pra sentir bem salgadinho do presunto contrastando com a leve doçura do purê de batata. Os anéis de lula estavam bem temperados e macios, mas poderiam ser mais crocantes. A bruschetta de tomates é bem saborosa, mas sem nada de especial. O solomito de morcilla (nome bonito de sanduíche de chorizo) vem com cebolas carameladas e tem um sabor marcante, mas sem ser pungente - e até que poderia ser pelo tamanho quase de amuse-bouche.
A galinha d’Angola é bem saborosa e suculenta, com um molho intenso - embora adocicado demais pro meu gosto - vem servido com legumes de forno no ponto. O ponto alto pra mim é o porco, que é feito primeiro sous-vide (à vácuo - a melhor maneira de se fazer porco) e depois tostado no forno, as batatas são cozidas e depois assadas na gordura do porco, à semelhança das batatas de frango televisão de cachorro, deliciosas. Só acho que a pele poderia ser mais crocante - o lado bom é que sendo borrachenta a gente não come, aí dá até pra fingir que é saudável.
Nunca comi nenhuma sobremesa porque, pelo cardápio, não me apeteceram nem um pouco.
Ah, a sangria é ótima!
Acho que os pratos poderiam ser maiores pelo preço, mas vale a pena se escolher certo a pedida.











Ingredientes

Começou a época de caqui!


Pipoca com beurre noisette e sal trufado.


Mercearia do Francês

Tem alguns lugares que a gente cria birra, às vezes por uma experiência ruim ou simplesmente sem explicação alguma. A Mercearia do Francês (Rua Pará x Itacolomi) era um dos meus. Talvez pelo atendimento apressado, pelos garçons mal humorados ou pela comida que tenta ser mais do que é. Enfim, sou sempre a favor de segundas chances e hoje, depois de quase um ano, retornei para comer um dos meus pratos favoritos: mexilhão com batata frita (moules et frites). Cada lugar prepara de um jeito e lá é feito com inspiração provençal: vinho branco, creme de leite, manjericão e erva doce. O prato é bem temperado e servido, com um caldo delicado mas de sabor marcante e leve apesar do creme de leite, entretanto com um número maior do que o esperado de mexilhões vazios ou que não abriram. Aqui vale lembrar as regras básicas para comer mariscos: se estiver aberto antes de cozinhar, não coma; se não abrir depois de cozido, também não coma. As batatas são allumettes clássicas (palitinhos) com um aïoli bem gostoso. Muito crocantes, mas tive que ser rápido pois elas amoleciam rápido.
O atendimento continua sem grandes simpatias, mas agora presente e atencioso - o maître até trouxe um “guardanapo babador” para eu não sujar a camisa - uma boa evolução do clima bistrô-mau humorado de antes.
Voltarei provavelmente dentro dos próximos 6 meses.



Codorna com legumes de forno

# Codorna
Ingredientes:
1 codorna
1/4 limão
1 dente de alho
1/2 ramo de alecrim
Preparo:
1. Rechear a codorna com o alecrim, limão e alho.
2. Untar com azeite, temperar com o sal e pimenta.
3. Dourar todos os lados em uma frigideira antiaderente com um fio de azeite e, transferir para o forno pré-aquecido a 200ºC por 10 min.
4. Deixar descansar fora do forno na própria frigideira coberto com papel alumínio.
# Legumes

Ingredientes:
1/2 abobrinha cortada em palitos
12 tomates sweet grape cortados no meio
Preparo:
1. Colocar tudo numa camada em uma assadeira sem sobrepor as peças.
2. Regar com azeite e temperar com sal e pimenta.
3. Assar no forno pré-aquecido a 120ºC por uma hora.
# Montagem
Dispor os legumes formando uma cama e colocar a codorna por cima.


Gopala Hari

O Gopala originalmente era apenas um restaurante, a sociedade acabou e foi dividido em 2: Gopala Hari (http://gopalahari.com.br) e Gopala Madhava (http://www.gopalamadhava.com.br). Comi no Hari num sábado par - por incrível que pareça, isso faz diferença, já que o cardápio muda nos dias ímpares.
Fila enorme, embora tenha andado relativamente rápido. O ambiente é simples, com muitas mesas e decorado com motivos indianos, lógico. O atendimento é apressado, confuso e nem um pouco zen.
Você paga um valor fixo e tem direito a escolher uma entrada, prato principal e uma sobremesa das opções do dia. De quebra vem um suco, que na ocasião foi de maracujá com cardamomo que estava bem refrescante.
A entrada era uma salada verde meio sem graça. Vou falar da sobremesa antes porque, bizarramente ela foi trazida junto com a salada. Comi uma bolota de leite aerado com calda de rosas - era muito feio e tão ruim quanto a aparência. Provei uma tortinha de doce de leite bem gostosa. Do lado da sobremesa, a atendente colocou um copinho que parecia ter leite condensado. Foi quando descobri porque a salada ficou sem gosto: era o molho que tinha vindo a parte e não disseram do que se tratava.
O prato principal salvou o dia: torta de abobrinha com tomate seco, arroz de manga, dahl de feijões, legumes empanados e um espetinho de salsicha de soja com queijo e molho de tamarindo. Uma delícia.
Total: R$26,50 - acho que vale a pena, basta ter uma paciência budista, colocar o molho na salada e não pedir o leite aerado.



Ingredientes

Começou a época de mangostão!




Quality Social

Gastropubs são pubs com os tradicionais ingredientes: rock alto, balcão de madeira e grande variedade de cervejas mas, com comidas gourmets. O Quality Social (Rua F x 6 Av) é um típico exemplar localizado no Gaslamp District de San Diego.
Ambiente com pouca luz, muita madeira, bancos de couro e um palco. No meio do salão fica um bar-ilha retangular onde 2 barwomen preparam drinks e servem cervejas. A música é rock do pop ao hard - fui embora logo antes da banda começar a tocar.
O Quality Social é conhecido por fazer quase tudo na sua própria cozinha: bacon, salame, até o ketchup e mostarda. De entrada eu pedi uma porção de asinhas de pato - macias e suculentas soltando do osso, cobertas com um molho picante de harissa, acompanhadas de raita (molho indiano a base de iogurte com pepino e hortelã) para esfriar a língua. Depois comi um chilli hot dog de salsicha feita na própria casa - de invólucro firme e quase crocante com interior supersuculento - coebrtos com chilli, queijo pepper jack e cebola. Em San Diego, quase todos os lugares têm batata doce frita, não sei se é uma tradição local, mas são deliciosas e as do Quality Social eram crocantes por fora e quase um purê por dentro. O molho era um aìoli de abacate bem interessante.
Tomei uma cerveja escura havaiana chamada “Coco” que tinha gosto de… coco! Um ingrediente que eu nunca imaginei numa cerveja mas que, surpreendemente, funcionou muito bem.
Total da noite: US$32 incluindo a cerveja - quero muito voltar.

















Moto

O Moto é um restaurante de comida avant garde em Chicago comandado pelo chef Homaro Cantu. Liofilização, sous vide, nitrogênio líquido, esferificação e até laser são rotina na cozinha / laboratório.
O restaurante fica próximo de um mercado movimentado de dia, mas bem deserto à noite, tem que ir de taxi. A entrada é pequena e discreta dá direto para uma sala com balcão de bar e cabines onde grupos de 4 podem comer com mais privacidade. A sala de jantar principal é bem iluminada, decoração minimalista com mesas de madeira escura sem toalha. O atendimento é excelente e impecável. O atedente principal da minha mesa foi extremamente simpático, servindo inclusive 2 taças de vinho que não faziam parte da minha harmonização com vinhos.
Pratos muito elaborados, com vários elementos em cada um deles é a regra - entrarei em detalhes após cada foto (fotografei quase todos os pratos).
Valeu muito a pena embora eu ache que as sobremesas não tenham sido o ponto alto.


Foto 1: a primeira coisa comestível é o cardápio - vem impresso numa folha de papel de arroz, que a gente enrola com os ingredientes formando um rolinho de verão pra molhar em um molho de abacaxi.




Foto 2: vários legumes preparados cada um de uma maneira diferente. Nas pontas tem 2 macarrões de arroz liofilizados super crocantes.




Foto 3: 3 pedaços de hamachi (um peixe havaiano) cozidos sous vide, cada um com acompanhamentos diferentes. Todos preto e branco. O melhor de todos foi um purê de arroz selvagem.




Foto 4: esse era bem interessante - eles pegaram um frango e liofizaram, transformaram em pó e incorporaram na farinha para fazer um macarrão com gosto de frango. O garfo é torcido e dentro do cabo vai um ramo de alecrim para sentir o aroma enquanto come. Legal :)




Foto 5: um gazpacho de amêndoas com várias coisinhas, entre elas uvas carbonadas.




Foto 6: esse foi o melhor da noite - um dos camarões mais gostosos que já comi, confitados em azeite, acompanhados de um sorvete de pipoca coberto de milho liofilizado tostado crocante.




Foto 7: esse era uma farofa de amêndoas sobre um purê de cerefólio, com bolinhas de queijo cobertas de cacau. Arrumados como se fosse um jardim japonês. Legal, mas não estava gostoso.




Foto 8: todos os ingredientes de um cassoulet num palito, para ser comido em uma bocada. Para acompanhar uma baguette tostada e uma manteiga com tutano assado - muito bom, mas podia ter um gosto mais intenso.




Foto 9: um marshmellow tostado como um creme brullee defumando na própria mesa. Bem bom.




Foto 10: essa é a bocada final - literalmente é uma bomba! Parece uma bomba de desenho animado que vem com o pavio aceso e vai queimando. Quando a gente morde o recheio líquido de bolachas Graham com amendoim estoura na boca. Muito gostoso!

Alinea

O Alinea acabou de ganhar a sua terceira estrela do guia Michelin, sendo o único restaurante de Chicago com essa classificação. No guia original 3 estrelas significavam: comida de altíssima qualidade, que vale uma viagem apenas para conhecer o restaurante. Vale? Vale cada quilômetro.
O chef Grant Achatz é um dos chefes mais inventivos dos Estados Unidos e serve uma comida refinada muito moderna. Reservas são essenciais e devem ser feitas por telefone com mais ou menos 3 meses de antecedência.
O restaurante fica localizado numa área mais afatada do centro em uma casa escura com uma vizinhança pouco movimentada. O corredor de entrada do restaurante é preenchido por uma luz púrpura que já coloca você no espírito da experiência. No final uma porta automática se abre para dar acesso ao restaurante muito bem decorado, minimalista, com iluminação indireta e sem toalha sobre as mesas de madeira escura. Atendimento impecável, atencioso e cortês (típico de um restaurante 3 estrelas) com uma média de 6 pessoas atendendo e servindo apenas 4 mesas.
Não existe cardápio, é servido apenas o menu degustação que varia de acordo com a estação do ano. Os pratos podem consistir de bocadas (uma mordida apenas) ou porções mais substanciais. Os garçons explicam os ingredientes e o preparo de cada prato quando este é servido e, se você faz alguma pergunta que ele não saiba responder, em poucos minutos retorna com a resposta do chef sobre o preparo ou o ingrediente.
A sucessão de pratos combina texturas, sabores e aromas de uma maneira surpreendente e você percebe bem o trabalho e cuidado gastos no preparo. Técnicas inventivas são uma costante, dentre elas a mais surpreendente foi um balão comestível inflado com hélio aromatizado sabor maçã verde. Entrarei em detalhe nos pratos mais à frente.
Óbvio que tudo isso custa dinheiro mas, vale à pena? Depende do quanto você gosta e a importância que uma experiência dessas tem pra você. Pra mim valeu. E muito.
Vou postar algumas fotos com comentários - estão escuras porque a iluminação era fraca e não podia usar flash.


Foto 1: Menu - a cada prato é atribuído um círculo. O tamanho do círculo indica a quantidade de comida servida - quanto mais para direita mais doce é o prato, consequentemente quanto mais para esquerda mais salgado. Dá pra observar bem que existe uma alternância para não cansar o paladar.




Foto 2: Um coral coberto de algas exalando cheiro do mar com quatro mariacos cada um com um preparo diferente. Sendo que um deles, na verdade, era uma folha de lima kaffir preparada de maneira a ter todo o gosto de um curry tailandêa com ostra, mas sem ostra nenhuma. Impressionante.




Foto 3: uma mousse de vieiras cozida de maneira a ficar com consistência de tofu mole e servido como um agadashi tofu - empanado e servido com um dashi que é preparado na própria mesa usando um destilador.




Foto 4: desde o início fica na mesa uma pedra de gelo enorme com um túnel preenchido por um líquido roxo. Ele fica lá até que o garçon traz uma canudo de vidro pra aspirar uma sopa de beterraba muito parecida com um borsch.




Foto 5: o mais legal desse prato é que ele é servido sobre um travesseiro. Dentro do travesseiro tem uma bolsa recheada de ar que vai esvazia com o peso do prato e liberando um aroma defumado de pinho e outras madeiras.




Foto 6: explosão de trufa - um raviolo recheado de caldo de trufas que, literalmente, explode dentro da boca. Sensacional.




Foto 7: degustação de gengibre - 5 tipos de gengibre diferentes cada um preparado de maneira diferente.




Foto 8: esse era parte de uma das sobremesas. Parece água, mas na verdade é um destilação de chocolate quente. Tem todo o gosto de chocolate mas é transparente como água!




Foto 9: esse foi muito legal! Era um balão comestível que vinha flutuando mesmo! O fio era maça desidratada, o balão era um toffee de maçã e o ar era hélio aromatizado de maçã. Depois de tudo, você ainda fica falando com a voz fina :) Genial!




Foto 10: última sobremesa - o chef vem à mesa e “pinta” um quadro no estilo Pollock, enquanto nitrogênio líquido é derramado dentro de uma esfera de chocolate. No final ele quebra a bola que revela tudo que estava dentro, como aqueles vasos que são quebrados nas festas de São João. Muito mais interessante pelo mis en cene do que pelo gosto.