sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Alter do Chão foi recentemente foi escolhida como a melhor do Brasil pelo The Guardian. Chegando lá dá para entender porque. Todos os itens necessários estão lá: destino exótico, aerporto próximo, estrada asfaltada boa, ilha com praia e floresta, água doce, calma e pouco profunda, sol, calor, areia de verdade e branca e comida boa. O que falta? Apenas visitar.

A alta temporada é em Setembro, na época do Çairé. Em fevereiro a praia está menor e pode chover - pegamos chuva todas as manhãs, mas com tardes de sol. A vantagem desta época é que não há badalação - aí dá pra curtir a praia mais vazia, principalmente se você for mais para dentro da ilha. 
Independente da época do ano, é preciso comer, e isto é bem fácil. 

Café da manhã
O Hotel Mirante da Ilha fica bem na frente da orla. O café da manhã é servido no terraço, com uma vista privilegiada. 
Farto com várias opções de frutas, pães fresquinhos, sempre 2 tipos de bolos, geléias e etc. O legal é que eles fazem tapioquinha e ovo na hora. 

Almoço
A pedida é comer em uma das barracas na Ilha do Amor. Para chegar lá nesta época do ano, tem que atravessar de catraia (canoa de remo), enquanto que no verão dá pra ir andando. Chegando lá, é só escolher uma barraca com mesa na beira da praia, para comer com o pé na água. 
Os cardápios são quase padronizados e as barracas servem praticamente os mesmos pratos. Comemos sempre peixes regionais na brasa - pirarucú fresco (que tem uma carne firme e gosto bem mais suave do que o seco ou defumado), curimatá (uma carne levemente gorda, com o sabor entre o tambaqui e o pirarucú) e o tucunaré, reconhecível pelo "olho" na nadadeira (o melhor na minha opinião, embora não seja um peixe tão nobre quanto os outros). Podem vir servidos com molho de tomates, legumes ou na manteiga. Sempre acompanhados de arroz, farofa, baião de dois feito com feijão Santarém e, um delicioso feijão marrom. 

Jantar
A noite apresenta mais opções para comer. Não comemos em nenhum lugar ruim, todos servindo pratos simples muito bem preparados usando ingredientes locais. 
Na pracinha central ficam 3 restaurantes colados um ao lado do outro. O da esquerda serve comida variada - comemos um pirarucú fresco na chapa com legumes e uma batata frita deliciosa. O da direita é um italiano que não fomos - mas ouvimos, porque tem um "voz e violão" bem alto.  
O do meio é o Café Arco Íris, que é um lugar para uma comida mais leve. Cardápio variado com saladas, crepes, sanduíches, sopas e sobremesas. Comemos um sanduíche de filé muito macio e saboroso, servidos num pão de hambúrguer bem macio. O outro prato foi uma torta vegetariana de batata, couve flor, couve e queijo - muito boa - acompanhada de uma saladinha verde e, palitinhos de pepino com iogurte. Uma delícia!
Para beber, as caipirinhas são o forte. Tomamos uma de pitaya com limão e outra de maracujá com gengibre e abacaxi. 
De sobremesa, a mousse de maracujá com gengibre estava no ponto certo de acidez e doçura. 


Na ultima noite fomos nos aventurar para a parte não turística onde os "locais" comem. Perto do posto de saúde, fica o X-Bom. Uma lanchonete bem ajeitadinha com cardápio de sanduíches que contempla todos os gostos. Fica devendo por não ter os tradicionais acompanhamentos como batatas ou cebolas fritas. Camila foi no clássico x-filé com cebolas caramelizadas, que têm um toque de orégano desidratado, o que dá um gosto levemente adocicado. Eu fui no x-piracuí: um cheesburguer feito com farinha de piracuí (peixe acari seco) - de sabor bem ativo, que é equilibrado pelo requeijão. A crocância fica por conta da batata palha, que forma uma cama para o hambúrguer de peixe. o Mc Fish da Amazônia deixa o original no chinelo!

 Travessia de catraia para a Ilha do amor
Antes e depois do tucunaré, pupunha com cerveja e pés na água.
Torta veggie, hamburguer com fritas, caipirinhas e pirarucú fresco.

X-Piracuí e X-Filé.
Iscas de pirarucú.
Barracas na beira da água.
Ilha do Amor.



Santarém fica na frente do encontro dos rios Amazonas e Tapajós, onde podemos ver as águas cor de chocolate e Coca-Cola se misturando. A poucos minutos de barco podem ser vistos os botos, que nadam sem medo ao lado dos barcos, já que não são caçados. Quer dizer, pelo menos o boto cinza não é. O boto cor de rosa foi assim denominado pelo oceanógrafo Jacques Custeau, mas antigamente era chamado de boto vermelho pelos ribeirinhos. Este boto, ao contrário do cinza, era tido como um animal ruim, que engravidava as mulheres com o olhar e comia os peixes presos nas redes. A verdade é que ele realmente as destrói, só que não apenas para comer, mas também para fugir quando é preso nas redes dos barcos pesqueiros. 

Na curta passagem por Santarém, só comi em um restaurante, a Peixaria Rayana. 

Especializada em peixes da região, os prepara de diversas maneiras diferentes. Destaque para o tambaqui, tucunaré, pirarucú e curimatá. Minha opção era o surubim, mas o prato era grande demais para duas pessoas.

De entrada comemos o charutinho frito, que é um peixe pequeno, semelhante a uma tainha ou pratiqueira. O detalhe é que são feitos vários cortes no dorso do peixe, o que dá uma crocância espetacular quando é frito. Isso é uma dica bacana que dá para aproveitar em casa - podem conferir numa receita de salmão crocante aqui no esfomeado.

De prato principal pedimos o tucunaré com molho de camarão. Mesmo a porção pequena é ridiculamente grande, servindo 4 pessoas bem fácil. Tivemos que fazer caber em apenas 2 estômagos. O que não foi nem um pouco difícil por estar fresco, suculento e com uma quantidade de camarão suficiente para fazer um prato de estrogonofe.


Depois de sair do almoço com uma barriga de 28 semanas de gestação, para o jantar, tive que ficar apenas com um chá e os deliciosos amendoins do avião.


Charutinho frito

Tucunaré com molho de camarão


Opções de molhos para os peixes

Carta de whiskys bem estranha



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Ponta de Pedras

Próximo de Alter do Chão, é possível visitar várias praias da região, uma delas é Ponta de Pedras.
Fomos num barquinho com motor de popa pilotado pelo Negão, o comandante da embarcação. São aproximadamente 30 minutos de saculejos leves com uma vista sensacional: de um lado a praia, com sua areia, árvores e barrancos que lembram falésias; do outro lado, o rio, tão largo quanto um oceano de água doce. 
A praia tem este nome pelas pedras que formam uma ponta onde se chocavam os barcos dos menos avisados. Na praia existem várias barracas/restaurantes onde você escolhe um peixe fresco pescado ali mesmo na região e pede para preparar como preferir. Fomos no tambaqui, um peixe bem gordo da região que, por este motivo, se presta bem para comer grelhado - não fica seco. A parte mais nobre é a costeleta, que é feita para se comer lambendo os dedos. 
A única parte chata, é que não se pode mais comer com o pé na areia, tem que ser no restaurante para não sujar a praia. Estão certos em colocar a preservação  primeiro lugar. 
Enquanto se aguarda o almoço, a melhor pedida é ficar de molho numa praia onde até as marolas são preguiçosas. 













sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Tirando a poeira

Como uma lata empoeirada no fundo da prateleira, este blog ficou esquecido por muito tempo. Vou tentar retomá-lo como era a sua proposta inicial: um caderno de notas público. Um lugar para registrar receitas, compartilhar lugares bacanas (ou não), opinião sobre utensílios e deixar disponível para quem quiser ver. Opiniões serão sempre bem vindas.

Com relação às receitas, minhas medidas geralmente não são nada precisas (à não ser que seja especificado), porque quase tudo meço de olho, e quando me lembro de pesar, já está na panela. Algumas vezes são fáceis, outras vezes, complicadas ou que pedem um equipamento específico. Mas a cozinha daqui de casa é assim: na terça é prática e objetiva, na quarta é simples e no sábado parece um laboratório. Por isto que adoro cozinhar! A melhor parte é que sempre estou com minha fiel companheira de garfo, minha esposa que embarca em todas as minhas experiências.


Frango à vácuo com batata purê  rocante

# Ingredientes do frango
Peito de frango
Manteiga
Mostarda ancienne

# Preparo do frango
1. Embalar o frango a vácuo lambuzado com a manteiga e temperado com sal e pimenta. Se não tiver embaladora à vácuo, pode usar um Ziploc tirando o máximo possível do ar.
2. Cozinhar no termocirculador a 63ºC por 2 horas. Dá pra fazer na panela usando um termômetro (aí recomendo fazer a 65ºC para garantir o cozimento por conta da temperatura não tão controlada)
3. Depois dourar a pele numa frigideira antiaderente


# Ingredientes da batata
Batata (dããã)
Caldo de frango - se não tiver, pode ser água (com manteiga de preferência)

# Preparo da batata
1. Com um aro, fazer um cilindro da parte interna da batata
2. Cozinhar lentamente em caldo de frango (sem fervura alta) até o centro ficar bem macio - testar com um palito ou faca
3. Escorrer, deixar esfriar e depois secar na geladeira (para torrar o excesso de umidade)
4. Fritar para a formar uma casquinha chocante. Isso pode ser feito em imersão (nada saudável), tostado na frigideira (um pouco melhor) ou no Airfryer (mais saudável porque não usa óleo) 





quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Moinho de Pedra

Eleito algumas vezes o melhor restaurante vegetariano do Brasil, o Moinho de Pedra era um lugar que eu queria conhecer, mas nunca conseguia. Abre apenas para almoços e fecha aos domingos. Como se localiza meio afastado de onde moro, ficava difícil de conciliar. Finalmente consegui ir há alguns dias.


Com um ambiente "semi-casa de vó", parecido com o Lá da Venda (mas sem o mesmo charme), tem uma lojinha bacana de produtos vegetarianos e orgânicos na entrada - o pão de 5 grãos é delicioso: consistente sem ser massudo, com sabor bem intenso e abundante nos grãos.

Ao chegar você entra em uma fila para ser atendido no balcão para pedir a comida que já está pronta, como se fosse um buffet. Aí que a confusão começa: você tem que perguntar a descrição dos pratos, pois não é explicado no cardápio, você não sabe o preço das coisas, nem se voce vai pagar por prato, porção ou "menu". Comi uma quiche de queijo com cebolas carameladas, espinafre e tomates - bem gostoso, com a massa bem sequinha, mas sem nada muito especial. O fundo de alcachofra recheado com quinoa é incomível: pra não dizer que era completamente sem gosto, tinha um horrível que prefiro nem lembrar - só conseui dar duas garfadas (pra confirmar). Sobremesa comi um cheese cake de maracujá OK: um bom balanço de doce e azedo, com uma calda gostosa, mas a massa do fundo estava muito úmida. Tomei um gostoso suco de gengibre thai, reservado para os fortes - ou para os com a garganta ruim. Provei também o nhoque (pesado) com molho de tomate (ralo) e um bolo de chocolate com frutas meia boca.

Resumo: quiche + alcachofra + suco + café = R$80. Sinceramente? Não vale nenhum pouco. Não por que estava ruim, mas porque acho um pouco demais para coisas que você pode comer igual ou melhor em outros lugares não vegetarianos.

Se este é o melhor restaurante vegetariano do Brasil, estamos mal neste quesito. Talvez dê uma segunda chance, mas preciso me esquecer da alcachofra antes.

 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Taberna 474

As tascas estão para Portugal, como os bistrôs estão para a França: surgiram como pequenos restaurantes familiares que ofereciam comidas caseiras e substanciosas geralmente usando ingredientes menos nobres, leia-se baratos. Ao longo dos anos o termo foi virando sinônimo de restaurante português e, especialmente em São Paulo, não necessariamente pequeno e muito menos barato. 

A Taberna 474 fica num limbo entre Pinheiros e o Itaim, numa simpática esquina relativamente arborizada e com muitas vagas para se estacionar - coisa rara por aqui. A decoração segue o estilo "semi-rústico" com muita madeira e toalhas de tecido. O cardápio tem opções para todos os gostos, embora a carta de vinho não seja para todos os bolsos.

As pataniscas de bacalhau, são uma espécie de bolinhos feitos com ovos e farinha de trigo bem mais leves e crocantes, estavam muito boas, melhores do que várias que comi em Portugal. O arroz de pato é imperdível: encorpado e de gosto bem intenso, com generosos pedaços de pato e linguiça. O bacalhau na brasa é a estrela do cardápio: um pedaço respeitável que serve 4 pessoas, embora no cardápio diga que é para duas - basta pedir mais acompanhamentos, grelhado na brasa no próprio osso, o que garante uma firmeza e suculência no ponto. Para o meu paladar faltava um pouco de gosto, mas nada que um toque de sal e limão não resolvessem.

De sobremesa comi o arroz doce: bem saboroso com consistência al dente e um toque de canela.











terça-feira, 15 de maio de 2012

Faire la Bombe

É uma pequena patisserie em Pinheiros que vem seguindo a febre de "versões tunadas de docinhos tradicionais". A onda começou com os cupcakes, passou pelos brigadeiros gourmets, quindins e agora chegou nas bombas. A bomba é feita com pâte à choux assada - não é difícil de fazer, mas tem que ter um bom braço, ou para os preguiçosos como eu, uma boa batedeira. A massa pode ser recheada por qualquer coisa semi-firme, geralmente um ganache, e a cobertura vai por cima para complementar o recheio e deixar a bomba mais apresentável.

O ambiente é bonitinho, com algumas mesas em uma lateral e o balcão com as atendentes e os doces do outro. No fundo fica a cozinha-aquário onde vemos o cozinheiros preparando tudo em real-time. As variedades das bombas estão escritas em um quadro negro com o nome e seus ingredientes - acho isso ótimo porque simplifica a escolha e evita problemas com pessoas alérgicas. Estão disponíveis em 2 tamanhos com preços que variam em média de 4 a 9 reais a unidade. O atendimento é um pouco confuso e lento nos horários de pico, causando uma mini muvuca, mas que é compensada pela simpatia das atendentes.

Eu queria provar a de limão siciliano, mas não tinha e tive que me contentar com a de brigadeiro e a de pistache. Massa sequinha e firme na medida certa com recheio abundante nos dois casos. A de brigadeiro não é excessivamente doce e deixa um gostinho de quero mais. A de pistache é OK: tem realmente sabor de pistache mas com um retrogosto de amêndoas, que me lembrou marzipã que, por sua vez, me fez pensar em barata - nada me tira da cabeça que barata deve ter gosto de marzipã - não comerei essa de novo.

Voltarei, mas eu esperava algo mais inovador como uso frutas locais e bombas salgadas - acho que vou ter que fazer eu mesmo a minha sonhada bomba de queijo com farofa de presunto cru.